América Latina e Caribe lideram avanço em 18 anos e podem ser os primeiros a atingir igualdade, aponta Fórum Econômico

Relatório do Fórum Econômico Mundial aponta que o mundo solucionou 68,5% da diferença entre mulheres e homens. América Latina e Caribe lideram avanços no tema.

O mundo levará ao menos 134 anos —cerca de cinco gerações— para atingir a paridade de gênero, de acordo com um relatório divulgado na terça-feira (11) pelo Fórum Econômico Mundial.

O “Global Gender Gap Report” (relatório global de disparidade de gênero, em tradução livre) avaliou aspectos de política, economia, educação e saúde em 146 países, determinando qual percentual da disparidade entre homens e mulheres já foi resolvida —o mundo solucionou 68,5% da diferença de gêneros.

Na economia, houve uma redução de 17 anos desde a edição passada, em 2023 —agora, a estimativa de paridade para a área é de 152 anos. O índice está em 60,5%.

Para essa conta, são avaliados aspectos como salários, participação na força de trabalho, e oportunidades de ascensão na carreira.

A paridade de participação na força de trabalho (65,7%) vem se recuperando desde a pandemia, quando estava em 62,3%, de acordo com o relatório. Mas as mulheres continuam em minoria, inclusive em cargos sênior, segundo dados do Linkedin citados pelo Fórum.

A maioria dos países no relatório (56%) tem leis que exigem a remuneração igualitária entre homens e mulheres, mas apenas 20% têm transparência e mecanismos para garantir seu cumprimento.

“A paridade de gênero está avançando lentamente”, disse Silja Baller, diretora de missão, diversidade e inclusão do Fórum. Ela afirma que há uma falta de mudanças efetivas e abrangentes, que retardam o progresso da paridade.

Pior do que a economia está a política, com percentual de 22,5%. Houve uma piora na expectativa de paridade, que aumentou em 7 anos. Agora, faltam 169 anos até que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades. Nesse caso, foi avaliada a participação feminina em parlamentos, posições ministeriais e chefias de estado.

Nenhum país no relatório atingiu paridade completa até agora, mas 142 dos 146 ultrapassaram os 60%.

Em algumas áreas, a estimativa de tempo para paridade aumentou desde o último relatório. É o caso da área educacional, que deve demorar mais quatro anos desde a última expectativa. Agora, estima-se que faltem 20 anos para a paridade educacional, com base em escolaridade e volume de matrículas.

Mas a educação ainda é umas das áreas que vai melhor no relatório, com percentual de 94,9%. A saúde, a mais avançada, tem 96%.

Cada região do mundo teve um nível diferente de avanço desde a criação do relatório, em 2006. A América Latina e o Caribe —lidos pelo relatório como uma região só— lideraram a melhora regional, com um aumento de 8,3 pontos percentuais nos últimos 18 anos, atingindo uma pontuação atual de 74,2%.

Isso coloca a região na terceira das oito posições do ranking mundial, em trajetória que pode servir de exemplo para outras regiões.

A região tem a segunda maior participação de mulheres na política (34%), atrás apenas da Europa, que tem 35,7%. Esse ritmo pode fazer com que a região seja a primeira a atingir paridade de gênero, em 2081.

Mas esse indicativo regional não é sinal de que as mudanças aconteçam de forma uniforme por ali. A Nicarágua, em sexto lugar, é o único país do grupo no top 10, de acordo com o relatório.

O Brasil caiu 13 posições desde o ano passado. É 70º no ranking, com 71,6% de resolução. Teve redução na paridade econômica e política, agora em 66,7% e 22%, respectivamente, mas continua com altos índices de paridade educacional (99,6%) e de saúde (98%).

Líder mundial nos rankings de região, a Europa, com 75% de resolução, ocupa também sete posições no top dez, todas com paridade de 80% ou mais. A região teve melhora de 6,2 pontos percentuais desde 2006, e pode ser a segunda a atingir paridade em 2097, daqui a cerca de três gerações.

Na última posição regional, Oriente Médio e Norte da África (61,7%) tem baixa participação de mulheres na política e na força de trabalho, mas teve melhoria notável em educação —em 97,2%.

Os Emirados Árabes Unidos, primeiro no ranking da região e 74º no global, tem paridade completa em seu parlamento desde 2021, e paridade quase completa em educação e saúde, mas apenas 55,3% na economia e 34,1% em sua política como um todo.

A Ásia Central (69,1%) foi a mais lenta em progresso, com aumento de 2,3 pontos percentuais nos últimos 18 anos. A região é avançada em educação e saúde, com 99,6% de paridade, mas piorou em política e economia no último ano, com percentuais de 12,8% e 73,4%, respectivamente. A previsão é de paridade em 2249, daqui a nove gerações.

Folha de S.Paulo14 Junho de 2024- Por: Isabela Rocha SÃO PAULO

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