Dívidas adiadas na pandemia vencem agora com juro maior

Nesse cenário, de restrição de crédito e custo elevado, pedidos de recuperação judicial devem crescer 50% em 2023. Se o incremento projetado por Seixas se confirmar, 2023 terminará com cerca de 1.250 pedidos. Seria o maior número desde 2019, quando 1.417 companhias pediram RJ. O volume, no entanto, seria 33% inferior a de 2016, quando a crise econômica e o colapso de empresas envolvidas na Lava Jato fizeram com que 1.863 companhias pedissem recuperação na Justiça. “A pandemia asfixiou as companhias. Elas conseguiram respirar na época porque receberam ajuda, mas, agora, com o juro lá em cima, está muito pesado”, diz o sócio da Alvarez & Marsal, que também está atuando na recuperação da Amaro e do Grupo Petrópolis, além da reestruturação da Tok&Stok. Seixas acrescenta que parte das dívidas que foram roladas durante a pandemia estão vencendo agora, justamente em um momento em que os juros estão mais altos. As empresas, no entanto, ainda não estão gerando caixa suficiente para quitar os débitos. Percebendo a falta de dinheiro nas companhias, bancos e gestoras elevaram também o spread (taxa referente à diferença entre o preço em que o banco capta recurso e o que cobra para emprestar esse recurso). De acordo com o Banco Central, o spread para pessoas jurídicas passou de 10,7 pontos porcentuais em fevereiro do ano passado para 11,8 pontos em fevereiro deste ano. Para Douglas Bassi, sócio da área de reestruturação de dívida da Virtus BR Partners, o impacto da crise da Americanas no mercado de crédito foi grande e é um dos motivos que tem levado os bancos a dificultarem a concessão de crédito. “A Americanas era ‘triple A’ (nota dada pelas agências de classificação de risco para as dívidas com menor risco de calote) e ficou insolvente de uma hora para outra. Isso está dificultando muito. Agora, todo mundo está olhando com mais afinco para as demonstrações financeiras. Aí é claro que o custo fica mais elevado.” (Estado)

A ajuda do Banco Central ao Brasil

É óbvio: quanto mais o governo gasta, mais o Banco Central precisa elevar juros para conter a inflação; se o governo controla os gastos, a política monetária pode ter juros mais baixos. Infelizmente, no Brasil, há anos elas vão em direções opostas. Na semana passada, após a divulgação da ata da última reunião do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o BC precisa ajudar o Brasil a crescer com inflação baixa. Para fazer isto, porém, o BC precisa trabalhar com juros mais altos. Falta a concordância num ponto: como o BC pode ajudar o Brasil baixando a inflação.O BC deve ser independente de influências políticas para praticar uma política monetária que produza o melhor para o País. Na década de 1970, o presidente do Federal Reserve, Arthur Burns, era submisso ao presidente Richard Nixon e manteve os juros abaixo do necessário. A inflação disparou e o país mergulhou numa crise. Foi preciso que o presidente seguinte, Paul Volker, elevasse os juros a estratosféricos 21% ao ano para controlar a inflação. Depois, os EUA viveram 20 anos de prosperidade.O BC ajuda o Brasil cumprindo o papel de manter a inflação na meta. De acordo com os dados técnicos, o Copom decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano para trazer a inflação à meta em 2024. Para a tomada de decisão bastam dados técnicos; não importa o falatório da política. Os juros estão altos agora porque foi rompido o teto de gastos, com excesso de despesas públicas.O BC tem feito sua parte. O governo pode fazer a sua: controlar os gastos e ter compromisso de reduzir a dívida. O governo tem mais instrumentos para ajudar o Brasil do que o BC, que tem apenas a política monetária. Quando faz política monetária contracionista, o BC protege o País da inflação.Juros menores e mais inflação para gastar agora não ajudam o Brasil, semeiam uma crise futura. Isso foi feito no governo Dilma e o País teve a pior recessão da história recente, com queda do PIB de 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016.O Brasil tem alta demanda por gastos sociais. Para atender a isso, é mais eficaz eleger prioridades, cortar gastos em outras áreas e buscar investimentos. Algumas coisas que parecem novidade no Brasil são mera repetição – e seu resultado é previsível. (Estado)

O ESTADO DE S.PAULO

  • ‘Arcabouço não ajuda na redução de juros’
  • Crédito para empresas seca e renegociação de dívida dispara
  • Com Selic nas alturas, empresas da Bolsa amargam prejuízo em 2023
  • Jovens ‘fogem’ da Bolsa em cenário de juros altos
  • Sofrimento sem água e esgoto
  • Adaptação à nova Lei de Licitações é prorrogada
  • ‘Acabar com a fome no Brasil hoje é mais difícil’
  • Dívidas adiadas na pandemia vencem agora com juro maior
  • PF resgata quatro argentinos de fazenda no RS
  • A ajuda do Banco Central ao Brasil
  • Regras fiscais: sinalização é positiva, mas restam dúvidas
  • Plantas estressadas emitem sons, diz estudo
  • Medo e impotência afetam escolas estaduais de SP após ataque
  • Operação contra a corrupção já deteve 42 empresários e funcionários na Venezuela

O GLOBO

  • Falsos CACs compram armas novas para abastecer milícias
  • Datafolha: pessimismo com a economia está maior
  • Aos derrotados, cargos: Vencidos nas urnas, aliados de Lula encontram abrigo no segundo escalão
  • Tuberculose voltou a preocupar com choque da pandemia na saúde
  • Bolsa Família ganha mais recursos, mas perde foco e eficácia
  • Durval Campos Kraychete: Dor crônica precisa ser reconhecida como doença

FOLHA DE S.PAULO

  • A agricultura na reforma tributária
  • Crédito seca para empresas e renegociação de divida dispara
  • Após acessar mercado dos EUA, agrotoois quer virar unicórnio em até dois anos
  • Suspensão da China ainda deve pesar em exportações
  • Marfrig quer aumentar rastreabilidade de bovinos
  • Sem Macri, disputa na Argentina será pautada pela economia
  • Cresce Pessimismo com economia sobe desde a posse de Lula
  • Maílson da Nóbrega: A agricultura na reforma tributária
  • Governo Lula acumula derrapagens e busca ajustes na comunicação
  • Queda de braço entre Globo, Meta e Google é entrave para lei da internet
  • Problema da IA será econômico, não ético
  • Moderação de conteúdo nas redes é um esforço inútil, diz Maria Ressa
  • Um Reino dividido: Governo acumula polêmicas e busca reduzir os ruídos
  • É erro pauta identitária ser central para a esquerda. Nunca foi solução para a classe mais pobres, pelo contrário.

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